Qual a relação entre o sono e a alimentação?
Nós já adiantamos que existe sim uma relação entre a alimentação e o sono, mas sabia que existe um termo científico que tem sido utilizado para se referir a ela? É a crononutrição! Na verdade, essa expressão é usada para falar sobre a interação da comida com o sistema circadiano, responsável por regular nosso relógio biológico e, assim, controlar nosso sono.
A ideia da crononutrição é indicar o impacto do horário das refeições na forma como o relógio biológico se organiza e como isso pode contribuir – ou não – para a manutenção da nossa saúde.
É um racional diferente de como a alimentação pode contribuir para que o corpo aproveite o melhor de cada momento do dia a seu favor. Essa seria uma boa “estratégia” para melhorar o sono, no momento em que pode ajudar a planejar refeições ricas em componentes que ajudam no relaxamento do corpo.
Mas quais tipos de nutrientes e tipos de alimentos podem ajudar no sono? Esse é tema para nosso próximo tópico!
Alimentos que ajudam a melhorar o sono
Carboidratos
Carboidrato é proibido de noite? Não, se você quiser ter uma boa noite de sono!
De acordo com um estudo, a baixa ingestão de carboidratos pode levar a sintomas de insônia. Já em outra pesquisa, foi sugerido que refeições ricas em carboidratos perto de deitar podem ajudar a aumentar a fase de sono REM e diminuir as fases de sono mais leve.
Para que você entenda melhor sobre o que falamos, fizemos esse resumo:
o sono é dividido em duas “fases” principais: REM e não-REM, sendo que o “REM” é o sono mais profundo, em que o corpo restaura a memória e consolida aprendizados do dia. Já o sono não-REM é composto por subdivisões em que o relaxamento é mais leve. Essas duas fases se repetem várias vezes enquanto você dorme. (Inclusive, nós falamos um pouco sobre a quantidade de horas que você precisa dormir neste post!).
Mas voltando aos carboidratos, quais alimentos apresentam esse macronutriente?
- Pão
- Torradas integrais
- Batata
- Mandioca/ aipim
- Arroz
Alimentos com triptofano
Não se assuste com esse nome! O triptofano nada mais é que um aminoácido precursor de substâncias como a Serotonina e a Melatonina. A primeira é conhecida como o “hormônio da felicidade”, sendo responsável por regular o humor, a memória e o sono.
Já a segunda é uma velha conhecida se você acompanha o nosso blog. Ela é chamada de “hormônio do sono” e ajuda a regular o ciclo circadiano, indicando para o corpo o momento para relaxar a noite, com a diminuição da luminosidade.
Já deu para perceber por qual motivo esse tal de triptofano é tão importante, não é? Ele está presente em alimentos como esses:
- Grão de bico
- Banana
- Nozes
- Ovos
- Amendoim
Curiosidade: os alimentos ricos em carboidratos ajudam o corpo a produzir insulina, que contribui com o transporte do triptofano na corrente sanguínea.
Antioxidantes
E não é que os antioxidantes também ajudam com o sono? É o que indicam algumas hipóteses. Além de contribuir com a recuperação do corpo após exercícios físicos, os antioxidantes também parecem interferir positivamente na regulação do sono. Dentre os alimentos antioxidantes, estão:
- Laranja
- Goiaba
- Linhaça
- Peixes em geral
- Semente de abóbora
Melatonina
Nós já passamos por esse assunto, mas a melatonina merece um espaço só para ela! Recapitulando: o hormônio do sono ajuda a regular o ciclo circadiano enviando sinais para o corpo de que é hora de desacelerar para dormir.
A Melatonina é produzida na glândula pineal, que fica no cérebro, e o gatilho para isso acontecer é a diminuição na luminosidade durante a noite. Do mesmo modo, com o nascer do sol, e consequentemente com o aumento de luz, a produção da Melatonina é reduzida e isso ajuda o corpo a despertar.
Com o avanço da idade ou com alguns distúrbios do sono, a produção do hormônio pode diminuir e o corpo pode precisar de uma ajuda para normalizar esse processo. Alguns alimentos pode contribuir com isso, são eles:
- Leite
- Aveia
- Nozes e castanhas
- Kiwi
Além disso, se você já chegou até aqui, deve ter visto que os alimentos com triptofano também podem ajudar a melhorar naturalmente a produção da Melatonina pelo corpo!
Tratamentos com Melatonina
Quando o próprio corpo e a alimentação não são suficientes para ajudar na produção de Melatonina, também é possível fazer tratamentos para sono com medicamentos à base do hormônio. Em geral, a substância é vendida em farmácias com concentrações equivalentes a de um suplemento, mas, para tratamentos de sono, essa dosagem costuma não ser suficiente.
A gente já explicou um pouco melhor sobre essa diferença entre as dosagens da Melatonina aqui no blog, caso queira entender um pouco mais!
Qual a quantidade de comida ideal?
Não adianta falar apenas dos alimentos que ajudam a melhorar o sono, também é importante passar sobre o volume das refeições! O ideal é que você não exagere na quantidade de comida, escolha alimentos mais leves e coma algumas horas antes de dormir para conseguir digerir.
Isso porque quando esses aspectos não são levados em consideração, muitas vezes sofremos com azia e refluxo. E eles estão relacionados a diminuição da qualidade de sono, ou seja, certamente algo que não queremos, né? Caso sofra com refluxo com frequência, é interessante procurar ajuda médica para também preservar seu sono a longo prazo!
Por que melhorar o sono?
O sono de qualidade é fundamental para que o corpo funcione normalmente. Ele ajuda o organismo a se restaurar e contribui com a função cognitiva, com o sistema imunológico, endócrino, entre tantos outros impactos positivos.
Se a qualidade do sono é ruim, os prejuízos para a saúde são reais e, a longo prazo, podem desencadear doenças mais graves, aumentando o risco de ocorrerem problemas no sistema cardíaco e de desenvolver diabetes e obesidade, por exemplo.
Quer aprender mais sobre como melhorar o sono? Nós preparamos esse artigo sobre como dormir melhor com 20 dicas essenciais! Até a próxima 🙂
Embora garantimos que tudo o que você lê no Manual de Saúde seja revisado e aprovado por um médico, as informações apresentadas aqui não têm a intenção de substituir o aconselhamento, diagnóstico ou tratamento médico profissional. Nunca deve substituir um aconselhamento médico específico. Se você tiver alguma dúvida ou preocupação, fale com seu médico.
Doherty, R., Madigan, S., Warrington, G., & Ellis, J. (2019). Sleep and Nutrition Interactions: Implications for Athletes. Nutrients, 11(4), 822. https://doi.org/10.3390/nu11040822
Grandner, M. A., Jackson, N., Gerstner, J. R., & Knutson, K. L. (2014). Sleep symptoms associated with intake of specific dietary nutrients. Journal of sleep research, 23(1), 22–34. https://doi.org/10.1111/jsr.12084
Porter, J. M., & Horne, J. A. (1981). Bed-time food supplements and sleep: effects of different carbohydrate levels. Electroencephalography and clinical neurophysiology, 51(4), 426–433. https://doi.org/10.1016/0013-4694(81)90106-1
Teimouri, A., & Amra, B. (2021). Association between Sleep Quality and Gastroesophageal Reflux in Medical Students. Middle East journal of digestive diseases, 13(2), 139–144. https://doi.org/10.34172/mejdd.2021.217
Zisapel N. (2018). New perspectives on the role of melatonin in human sleep, circadian rhythms and their regulation. British journal of pharmacology, 175(16), 3190–3199. https://doi.org/10.1111/bph.14116